Quem chutou primeiro o balde e trouxe o rock para o Brasil (pasmem os
mais céticos) foi uma sambista, Nora Ney ( e não Celly Campello como
muitos pensam) cantora de samba-canção gravou em outubro de 1955 "Rock around the Clock", de Bill Haley & His Comets para
a trilha do filme ‘Sementes da Violência’. Mas nem por isso ela virou
rockeira depois desta gravação seguiu com sua carreira no samba. No
mesmo embalo de Nora vieram Cauby Peixoto e Betinho & Seu Conjunto. O
que Nora fez foi girar a roda do rock no Brasil e daí em diante já
surgiram as primeiras gravações de rock brasileiro mas tudo ainda não
passava de meros covers ou versões abrasileiradas do que já existia em
termos de rock; o anos 50 foi um misto de pioneirismo e
experimentalismo.
Nos anos 60 é que literalmente nasce o Rock Brasileiro a partir de dois
movimentos a Jovem Guarda e o Tropicalismo. O Movimento Jovem Guarda
era forfun não tinha cunho político e nasceu como um programa de auditório na televisão sobre música e moda, na TV Record,
faziam parte deste movimento: Roberto Carlos (o Rei), Erasmo Carlos (o
Tremendão) e Wanderléia (a Ternurinha) seguidos pela turma Nalva Aguiar,
Celly Campelo, Vanusa, Eduardo Araújo, Silvinha, Martinha, Arthurzinho,
Ronnie Cord, Ronnie Von, Paulo Sérgio, Wanderley Cardoso, Bobby di
Carlo, Jerry Adriani, Rosemary, Leno e Lilian, Demétrius, Os Vips,
Waldirene, Diana, Sérgio Reis, Sérgio Murilo, Trio Esperança, Ed Wilson,
Evaldo Braga e as bandas Os Incríveis, Renato e Seus Blue Caps, Golden
Boys e The Fevers. Apesar de não seguirem nenhum cunho político o termo
Jovem Guarda foi extraído de um texto de Lenin que foi um revolucionário
e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da
Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista. Influenciou
teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo. O trecho que
inspirou os Jovens foi: "O futuro pertence à jovem guarda porque a velha
está ultrapassada"
E o Movimento Tropicália, ou Tropicalismo, o nome inventado pelo
artista plástico Hélio Oiticica e posto como título em uma canção de
Caetano Veloso pelo homem do Cinema Novo Luís Carlos Barreto:
Tropicália. Ser um tropicalista não era tarefa fácil e o próprio Caetano
confessa ser doloroso, ele disse em seu livro Verdade Tropical: O
desenvolvimento de uma consciência social, depois política e econômica,
combinada com exigências existenciais, estéticas e morais que tendiam a
pôr tudo em questão, me levou a pensar sobre as canções que ouvia e
fazia. Tudo o que veio a se chamar de tropicalismo se nutriu de
violentações de um gosto amadurecido com firmeza e defendido com
lucidez. (….) Eu me sentia num país homogêneo cujos aspectos de
inautenticidade ‑ e as versões de rock sem dúvida representavam um deles
‑ resultavam da injustiça social que distribuía a ignorância, e de sua
macromanifestaçào, o imperialismo, que impunha estilos e produtos.
E essa grande revolução cultural teve, entre seus grandes, nomes como:
Hélio Oiticica, Caetano Veloso, Capinam, Gal Costa, Gilberto Gil,
Glauber Rocha,Guilherme Araújo, Jards Macalé, Jorge Ben,Jorge Mautner,
Júlio Medaglia, Lanny Gordin, Nara Leão, Os Mutantes, Rogério Duarte,
Rogério Duprat, Tom Zé, Torquato Neto, Waly Salomão e Sérgio Sampaio.
Estas pessoas receberam muitas críticas, os intelectuais torciam o nariz
para o movimento e foram chamados até de alienados mas nem por isso
deixaram de expressar através de sua arte uma nova mentalidade que
embora compreendida somente anos mais tarde é um dos nossos maiores
legados culturais.
Por mim publicado no site FutMus em 13/03/2012
Nora Ney
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